Goste você ou não de artes, é impossível não se contagiar com a vibe artística que pulsa em Toronto. São dezenas de museus de toda a sorte, de sapatos a locomotivas, centenas de galerias de arte, teatros, casas de espetáculos e um sem fim de festivais.

Eclético e inusitado, o cenário das artes visuais, em particular, extrapola os muros das instituições e a maneira convencional de “apreciar arte”, seja nos convidando para repensar o movimento grafite ou transformando um dos museus mais importantes da cidade em balada.

Aqui, uma pequena amostra de como curtir arte fora da caixinha, em Toronto:

Distrito Histórico da Destilaria – quem adentra a Thompson Landry Gallery é presenteado com um espetáculo de perfeita fusão entre a decoração propositadamente rústica do complexo e o acervo minuciosamente curado da galeria, a única de Toronto a trabalhar somente com artistas da província de Quebec. 32 Distillery Lane. 

Ainda na Destilaria, não deixe de visitar a Gallery Indigena, especializada em obras de arte dos primeiros nativos do Canadá, com um acervo de mais de 500 obras, entre esculturas em pedra, madeira e gravuras das tribos dos inuítes (das regiões Árticas do país) e iroqueses (vivendo, agora, ao sul das províncias de Quebec e Ontário). 46 Gristmill Lane. 

Arte de rua, arte na rua

Andar nas ruas de Toronto é topar com arte o tempo todo, seja nas esculturas espalhadas pela cidade, nas exposições especiais ao ar livre, nas fachadas dos edifícios e em lugares onde menos se espera. Basta estar atento e de mente aberta.

Como toda grande metrópole, uma forma de arte muito encontrada por aqui é o grafite, ao ponto de colocar Toronto na lista das quatro capitais mundiais em arte de rua, juntamente com Filadélfia, Nova Iorque e Paris.

Há grafite por todo lado, mas estes são os melhores lugares para admirar o trabalho dos artistas grafiteiros, na cidade:

Graffiti Alley (Beco do Grafite) – Com mais de um quilômetro de extensão, fica na Rush Lane, entre as ruas Spadina Avenue e Portland Street, paralela à rua Queen Street West. Pela diversidade e qualidade das obras, é protegido pela associação do comércio da região.

Grafiteiros de todo o mundo já deixaram suas marcas nesta verdadeira galeria de arte de rua. A pintura abaixo, comissionada e que levou somente quatro dias para ficar pronta, é o do grafiteiro Uber 5000, um dos mais populares, queridos e dinâmicos da cidade, com mais de 70 de suas pinturas espalhadas pela cidade, incluindo o icônico passarinho amarelo, marca registrada do artista.

Ossington Street – Esta rua de ar tranquilo e suburbano está ganhando os holofotes como o novo pedaço descolado da cidade e atraindo os grafiteiros mais antenados. Ou seria o contrário?

Pegue o bonde 501 West, desça na rua Ossington e ande até a Humbert Street. Quase todas as garagens das casas desta ruela foram grafitadas nos mais diferentes estilos, com o consenso e apreço de todos os moradores.

Kensington Market – não dá para falar de grafite sem mencionar esta área da cidade, onde a arte reina, dos murais, herança das etnias que ali passaram, a frentes inteiras de lojas, numa explosão colorida de arte e história.

Para quem quiser saber mais sobre a arte grafite em Toronto, uma ótima pedida é marcar um tour guiado com o pessoal do Tour Guys.

Dançando com os dinossauros

Que o museu ROM (Royal Ontario Museum) é um dos mais famosos do mundo e o maior do país, com mais de seis milhões de artefatos em arte e história natural, isso todos sabem, mas você sabia que durante nove sextas-feiras, entre os meses de maio a junho, ele se transforma numa das baladas mais disputadas e inusitadas de Toronto?

É o FNLROM (Friday Night Live ROM), quando o espaço do primeiro andar do museu vira pista de dança, com DJs e bandas ao vivo. E cada sexta-feira com um tema, de DinoNite (dançando com dinossauros), Flash (tudo relacionado à fotografia. Atenção, selfieholics!) a Colour ROM Pride (semana da Parada Gay) e O Canada, pelo aniversário da nação. Alterne o frenesi da pista com a calmaria do lounge, no quinto andar, de onde vê-se a cidade através dos vidros da controversa fachada de picos pontiagudos da entrada do lugar. Aproveite e visite os outros salões do museu, já que ele só fecha lá pelas 11 da noite.  

FNLROM, toda sexta-feira, entre 5 de maio a 30 de junho. Ingressos: CAD$17, vendidos online ou nas bilheterias, no dia, a partir das 19h. Quem comprar ingressos antecipadamente terá entrada garantida, até às 20h. Depois deste horário, só por ordem de chegada, no limite de capacidade do lugar. Idade mínima: 19 anos, com apresentação de identificação válida (emitida por este país ou passaporte, no caso de turistas). Royal Ontario Museum; 100 Queens Park, metrôs St. George (linha Bloor-Danforth) ou Museum (linha Yonge-University)

AGO (Art Gallery of Ontario) – Com uma fachada assinada pelo star-arquiteto Frank Gehry e tão magnífica quanto seu acervo, ocupa um quarteirão inteiro da movimentada Dundas Street West, sendo uma das principais atrações de Toronto. Não deixe de incluir uma visita à galeria quando estiver por aqui, seja por seu acervo permanente, com a o maior coleção do mundo em arte inuíte, mais de 80 mil peças de arte do século I até os dias de hoje, incluindo obras de Rodin, Monet, Van Gogh e Picasso, por suas exposições especiais ou pela beleza da arquitetura de seu prédio, por fora e por dentro, como a Baroque Stair, escadaria-escultura, toda em madeira, parecendo flutuar no ar, com suas curvas absolutamente perfeitas, outra genialidade de Gehry.

Acredite se quiser, mas isto é uma escadaria

Até 30 de julho, confira a exibição especial sobre a artista Georgia O’Keefe, considerada a mãe do Modernismo americano, com mais de 100 de suas obras icônicas. 317 Dundas Street West; Preço, incluindo visita à galeria: CAD$25 (adultos), CAD$21.50 (acima de 65 anos), CAD$ 16.50 (entre 6 a 17 anos); crianças até 5 anos não pagam.

WQW – West Queen West – A Yonge Street divide a rua Queen Street em Queen Street East e Queen Street West. Enquanto o lado leste é mais central e turístico, voltado para o consumo de massa (onde fica o shopping Eaton Center), o lado oeste é mais eclético e descolado. É nesta banda que fica uma espécie de “subdivisão” da Queen Street, batizada de West Queen West (WQW), uma espécie “do cool dentro do cool”, com mais de 300 galerias de arte, lojas, cafés e restaurantes onde ainda é possível ser atendido pelo dono ou ao menos saber quem ele é.

Destaque para os hotéis Drake e Gladstone, que servem não apenas para hospedagem, mas galeria de arte, restaurante, bar e balada alternativa.

Pegue o bonde 501 West, pare na frente do Gladstone Hotel e dê uma espiada em seu interior, um dos melhores exemplos de preservação da arquitetura vitoriana do século XIX em harmonia perfeita com a arte contemporânea. Uma vez por ano, em janeiro, acontece o evento Come Up to My Room. Durante quatro dias, artistas locais são convidados a criar instalações de arte nos espaços públicos e nos quartos do hotel.

Caminhe até o Drake Hotel, fique para o brunch, happy hour ou balada, dependendo do horário, mas não deixe de conferir sua loja de souvenires Drake General Store, do outro lado da rua.

Depois de tudo isso, será difícil não andar pelas ruas de Toronto procurando por arte ou, ao menos, pelos passarinhos amarelos do grafiteiro Uber 5000!

 

Fotos: Alessandra Cayley